Exercício: Roma (Unesp)
"A atividade dos Gracos foi objeto de debates apaixonados e formulavam-se sobre ela os juízos mais diversos (...). Os políticos romanos dividiam-se nitidamente em dois grupos ou partidos, pelos quais os Gracos eram considerados heróis ou criminosos." (M. Rotostovtzeff. "História de Roma".)
O autor refere-se aos irmãos Tibério e Caio Graco, tribunos da Assembleia da Plebe de Roma no século II a.C.
a) Como estava constituída a sociedade romana na época da atuação dos irmãos Tibério e Caio Graco?
b) Dê uma razão pela qual os irmãos eram "objeto de debates apaixonados".
O exercício acima caiu na 2ª fase da prova da Unesp, é um típico exercício de segunda fase: há um texto curto que é mote para as questões, ajuda o candidato a se localizar quanto ao conteúdo cobrado, mas não é suficiente para responder as questões - isso é, não basta ler e interpretar, é exigido conhecimento prévio sobre o assunto.
Acompanhe o passo a passo para resolver as perguntas: costumo orientar que primeiro leia-se as perguntas e depois o início do enunciado. Por quê? Uma vez que essa é uma prova com tempo limite, é mais proveitoso fazer a leitura do texto já com o direcionamento: o que as perguntas querem saber? Faça sua leitura com esse objetivo em mente.
A seguir, vamos resolver a questão A, para isso, devemos retomar o que sabemos sobre a sociedade romana: a Civilização Romana do Período da Antiguidade Clássica é dividida em três etapas: Monarquia (735 - 509 a.C.), República (509 - 27 a.C.) e Império (27 a.C. - 476 d.C.). Vamos supor que você não lembre essas datas (o que é ok, é difícil decorar todas as datas) e não tenha certeza sobre qual era a organização política de Roma no século II a.C. Nesse caso, basta lembrar: tanto Monarquia quanto Império são a mesma forma política, monarquia, nelas não há espaço para assembleias decidiram sobre o futuro de Roma - tal tarefa está a cargo do monarca ou imperador. Logo, se havia dúvidas quanto ao período, elas foram sanadas: tratamos sobre a República romana.
Devemos agora recordar quais eram as classes da sociedade romana, e assim respondemos a questão:
A: Os Irmãos Graco viveram durante a República romana, nela, a sociedade estava dividida entre patrícios (aristocracia), classe equestre (mercadores, banqueiros e comerciantes), os clientes (agregados dos patrícios), os plebeus e escravos.
Uma vez respondida a A, fica mais fácil responder a B - também nos ajuda na resolução uma leitura atenta do texto. Releiam o último período: "Os políticos romanos dividiam-se nitidamente em dois grupos ou partidos, pelos quais os Gracos eram considerados heróis ou criminosos.". Ou seja, sabemos, graças ao texto, que há dois grupos que antagonizam a vida política romana - ademais, sabemos que os irmãos Graco fazem parte do Tribunato ou Assembleia da Plebe.
Pense comigo: qual classe costuma comandar a política? Reflita sobre a sociedade em geral: normalmente, são os ricos ou os pobres que detêm o poder político? Os ricos, correto? Certo. Agora, responda (pode colar na resposta da A, está tudo certo): qual o grupo mais poderoso na República romana? Os patrícios! E essa é exatamente a resposta que precisávamos: os dois grupos que dividem a política romana na república são os patrícios e os plebeus, sendo os Gracos representantes desses. Logo, patrícios consideram os Irmãos criminosos enquanto os plebeus os consideram heróis.
Mas o que será que os Gracos propuseram para provocar "debates apaixonados"? Continuemos com o raciocínio lógico: o que distingue os patrícios das demais classes é o fato deles serem detentores de grandes propriedades de terra. Nessa época, é rico quem detém terras, pois esse é o meio de produção. No entanto, como é costumeiro, essa classe corresponde a minoria da população, ocasionando em uma grande desigualdade social: há pouquíssimos que detêm a maioria das terras romanas, enquanto a maioria pouco ou nada tem. É dentro desse contexto que os Irmãos Graco propõem uma série de reformas, dentre elas, a reforma agrária. Logo:
B: Os irmãos Graco eram objeto de debate pois propuseram reformas sociais, dentre elas, a agrária, que colocava em oposição interesses dos patrícios - que os consideravam criminosos, pois detinham a maioria das terras - e dos plebeus - para quem eram herois.
Viram como História pode ser fácil e lógica? Esqueçam a decoreba!
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